Para convencer o prefeito Emanuel Pinheiro (PMDB) de que tem condições de assumir os serviços de água e esgoto em Cuiabá, a RK Partners se reuniu com o procurador-geral do município, Nestor Fidelis, acompanhada de representantes dos bancos Votorantin, Bradesco e BNDES e entregou o plano de investimentos para o saneamento: R$ 1,4 bilhão em cinco anos.
De imediato, nos próximos 18 meses, a proposta é de injetar R$ 200 milhões para ampliação de estações de tratamento de água e esgoto, instalação de novas adutoras e novos reservatórios e reforma das estruturas já existentes no sistema de saneamento.
“Como o prefeito vai permitir que esse grupo assuma sem garantias de que não está fazendo uma proposta para valorizar a empresa e vender?”
A CAB Cuiabá está sob intervenção da prefeitura desde março de 2016, depois de descumprir diversos itens do contrato de concessão dos serviços de água e esgoto da capital.
Emanuel Pinheiro tem até a próxima quinta-feira, 25, para decidir sobre a intervenção e se a RK poderá operar. Se o sinal verde for dado, a empresa assume no dia 1º de junho.
“É um compromisso muito importante porque, desde a Operação Pacenas, Cuiabá perdeu R$ 300 milhões de investimentos pelo PAC [Programa de Aceleração do Crescimento, do governo federal] e, de lá pra cá, não houve investimentos. Cuiabá parou no tempo”, disse o procurador, em entrevista ao programa Estúdio Livre, da Band FM, na última quinta-feira, 18. “É a pior capital em serviços de saneamento básico”, classificou.
Devido ao perfil da RK Partners, uma empresa de recuperação fiscal e operacional, havia uma preocupação de que a intenção seja apenas aumentar novamente o valor de mercado da CAB Cuiabá, que deve se transformar em Águas de Cuiabá, e depois repassá-la a outro grupo. “Como é que o prefeito vai permitir que esse grupo assuma sem garantias de que não está fazendo apenas uma proposta para valorizar a empresa e depois vender?”, questionou Fidelis
Aos representantes da prefeitura de Cuiabá, foi apresentado um plano com participação da empresa norte-americana CH2M, que ficará responsável pela parte técnica de operação do saneamento municipal. A CH2M é responsável pelo saneamento de Dubai (Emirados Árabes) e foi contratada para prestar consultoria à RK Partners e ajudar a elaborar o plano a ser executado em Cuiabá.
“Cuiabá é a pior capital em serviços de saneamento básico”
Segundo o procurador do município, a empresa contratou um grupo suíço para assegurar os investimentos a serem feitos na capital. “Se alguém se propor a fazer um seguro desse porte, dar uma garantia, é porque a coisa é para valer”, afirmou.
Histórico
A privatização do saneamento em Cuiabá ocorreu em 2012, na gestão de Chico Galindo. Três anos depois, em 2015, o Grupo Galvão, principal acionista da CAB, entrou em recuperação judicial. Enquanto isso, o serviço de água e esgoto de Cuiabá vinha sendo alvo de constantes reclamações da população.
Em 2016, uma auditoria da prefeitura, ainda sob gestão de Mauro Mendes (PSB), identificou que a CAB Cuiabá não cumpriu metas previstas no contrato de concessão e cometeu falhas no abastecimento de água da capital, além de outras irregularidades. Como consequência, em maio do ano passado, Mendes determinou uma intervenção na empresa, afastando diretores e suspendendo pagamentos à CAB. Em novembro, foi anunciado que a RK Partners assumiria o controle dos serviços, e a empresa começou a trabalhar com uma equipe de 50 pessoas para preparar a transição.